quarta-feira, 25 de abril de 2012

Até onde irá?


De tantos escombros sobre minha face
Sinto demolir estruturas inertes
De tanto martelar outras partes
Afago prantos mortos entre fezes

De onde nasce tua ira?
Até onde irá toda maldição?
Sou sufocado pelo tempo de fibra
Enforcado por um suspiro de precisão

Não sei até onde, nem ate quando.
As partes debruçam sobres vermes
Vomitam asneiras no espanto
Infundadas de ilusão e preces

Até irá nascer o fim em derrota
Nos olhos negros por amor
Até onde irá esse destino sem glória?
Amordaçado pelo peso, pelos cantos, pela dor?

Até onde irá, até onde?
Perco-me no vazio...
Onde a resposta se esconde.

05-10-10

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Anjo caído


No fundo, lá no canto de seus pensamentos.
Outra alma, outro culto, novo lamento.
Cresce nojento animal voraz imundo grudento.
Sobre as faces calafetadas de belos momentos

No escuro, onde afoga teus simplórios desejos.
Nasce uma força dominadora do mais puro poder
Manchada, pisoteada, entupida de defeitos.
Cospe nu, afadigado pelo excesso de não ter.

Expele do ventre teu verme putrefado de ganância
Pisoteia as idéias manchadas de reinado, de vingança.
Chuta o ceifador ao descaso incontestável de guerra
Manipulam seus fantoches como marionetes na terra

Supre ao cosmo uma verdade escapelada pelo tempo
Machuca as crianças frágeis chorosas por arrufo
Levanta sobre stukas doutrinas de uma psicopata lei
Encardi as mãos de atrocidades encobertas de sustos

Ergue-se um império sobre as faces da criação falha
Sucumbi de mentiras, ganâncias e realidade mórbida.
Sobre as lutas de mentes dominadas pelo enfermo
Levando a plebe do universo ao eterno declínio em massa

Será proclamada em todos os corações a marcha do caos
O mundo acredita nas fezes eliminadas do bastardo
Sofre por não elitizar a própria ambição do mal
A que te proíbe de fadadas extravagâncias exorbitantes

A guerra da mente e da fé
Da razão e regra
Do amor e desejo
Da fraqueza da matéria
A guerra do querer e não poder
Dos interesses e conquistas
Das verdades e mentiras
Da dita maldição imposta

Alvos da louca lucidez nós afundamos
Alvos da crase assassina nós nos rendemos
Frutos da doutrina imposta
De uma verdade que não sabemos
A queda do fruto nos enche a barriga
Alimenta uma voraz sede de vingança
A oposta imposição que nos cria
Sobre o trunfo da infante e prematura esperança.

10-11-2009

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A noite da mentira


Ontem cheguei à noite da mentira
Debrucei-me no colo da madrugada
Onde se ouvia apenas o rugir do tempo
As reclamações do fracasso
Já sentia em meu colo uma dor
A de suportar a cabeça do destino
A perda por aprendizado
A dor de ter e não ter
Sentia martelar em minha cabeça
A frase que dos cantos me atingiam:
“Não fale alto para que você não possa ouvir...”
“Não fale alto para que você não possa ouvir...”
Meus pensamentos vagavam lentamente
Dominavam rapidamente o espaço
Manipulavam com vitória meu mundo
Podia ouvir a porta se abrir
Era o hoje chegando
Para eliminar o sofrimento de ontem
Que tanto massacrou meu dia eterno
Mas trazendo consigo a angustia de amanha
A que atormentará mais uma vez
A noite da mentira
A mágoa escondida no canto da vida.

14-05-09

Entendimento


Não sei se entenderia...
Ossos quebrados ao chão
Leite materno apodrecido
Uma maldição contra princípios

Não sei se entenderia...
Ouvir gritos de dor
Talvez não despreze minha agonia
Despejada ao fundo do poço

Não sei se entenderia...
Ver meu corpo estirado
Gritas no meu ouvido
Sem amor nem piedade

Não sei se entenderia...
Saber que meu ódio é sincero
Que meu desejo é não te ter
Não sei se entenderia... Não sei...

12-05-09

domingo, 8 de abril de 2012

Vazio


Rebaixa Maquiavel onipotente
Faminto entre dedos sujos
Impera sobre corpos pútridos
A sina gélida de uma vil mente

No caos procura respostas
Sempre operante e preciso
Risco a face do mendigo
Excluindo de uma hostil escória

Não sinto e sinto calor
A falta opera e completa
Ondas de frio e pavor
Maltratam e se dispersam

Entoa no ar que me sufoca
A falta do ter que não ter
Desejo de entender o suicida
Amedrontado com medo de viver

Escuto apenas minha respiração
Ofegantes sussurros de proibido
Perdido no vazio da imensidão
Despertando com temor minha libido

O amanhã será longo...
O desejo ainda queima,
A dor ainda clama...
Furacão de rosa e ceia.

O vazio enforca a situação
Nada sinto acordado
Embriago-me de solidão
Entregue a noite machucado

Vazio como o vazio
Não tenho dor

Vazio como o vazio
Engasgo-me com uma flor.

Espinhos


O toque seduz seus anseios
Louca sensação de esporro
O suave aroma de seus seios
Emplaca sobre intensos gozos

Espinhos furam tua sensualidade
Machucam com furor tua inocência
Doce corte não será maldade
Num momento de pura essência

A falta machuca o desejo
Sussurrantes pela dor
Encontrados entre beijos
Onde sedeste por amor

Gritos esganiçados me deixam louco
Ela implora pelo fim e pelo instante
Teu suor corta meu corpo em fogo
Amando entre espinhos cortantes

Já no ato, entre fatos fuzilados
Tento fugir maldita proserpine
Rendo-me aos beijos e abraços
A este gosto em gozo sublime.

Verniz descascado


Acaso, velho morto insensível.
Ódio vasto, certo e convulsivo.
Parto errado, fétido despido.
Por velho morto manto desprezível.

Vir, assim me ver sorrir sem sentir.
No plano manso descartável morto.
Descaso sóbrio apenas verniz.
Descascado, maltratado e fosco.

Sem cansar, por falhar errante e vil
No canto recauchutado sensível.
Esmague mate filhos do Brasil.

Descanse, amanhã não falharei.
Sem falhar, sem chorar, inconfundível.
Em ter-me só no vazio que criei.

Obs: Soneto Decassílabo.

Um dia... (Ao meu efêmero amor)


Um dia,
Em seu ombro deleitei
Um dia,
Em seu corpo dormir
Um dia,
Em seu peito me alimentei
Um dia,
Junto a ti sorri
Um dia,
Fui escravo dos teus braços
Um dia,
Adormeci no berço
No calor do teu abraço
Um dia,
Tive um amor verdadeiro
Um dia,
Tive você de corpo inteiro
Um dia,
Tive teu olhar
Um dia,
Tive um sonho efêmero
Vi você voltando
Um dia,
Há muito tempo
Tive uma mulher
A quem amei.
Um dia
Decai pelos cantos
Pelos prantos que tanto derramei
Um dia,
Adormeci e não te vi cair
Um dia,
Vi-te morrer e nada pude fazer
Um dia,
Tentei amar
Mas já era muito tarde para tentar
Um dia,
Você voltou e esqueceu
De quem um dia tanto te amou
Um dia,
Você tentou mudar
Na derrota
Com lágrimas de dor e revolta
Teus olhos caíram no abismo
Teu coração apertou-se no vazio
Teu corpo desintegrou-se
Como a vida do mendigo
Calada sofra no amanhã
Sem ar dissolva sem amar
Viver já não faz sentido
Amar já se tornou perigo
Amar-te bateu de frente
No acaso definhado
Amar-te desfaleceu
Trôpego pelos caminhos
De espinhos podados
Amar-te morre calado
Finca inerte no passado
Amar-te não vai voltar
Ver tua aura em teu peito
Tentando se afogar
Amar-te que foi um dia
Um dia,
Onde amei teu sorriso
Um dia,
Onde amei teu abraço
Um dia,
Onde amei te ter comigo
No sorriso
Um dia lhe vi mudar
Hoje vejo tua alma e corpo
Aos poucos se apagar
No passado te vi sorrir
E hoje te vejo morta, mas,
Saiba que um dia chorei por ti.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Fim fatídico


Reza torta pelas costas
Sem facadas nem abraços
Soam feito o caos da história
Manso e manco pelos fracos

Dor, esperança covarde.
Morte lenta pelo instinto
Amor, maldição que invade.
Sonho trágico e faminto

Não deixe a matéria te vencer
O fim se prepara no início
Aquele que você cuspiu sem perceber
Ou aquele que chutou no vício

Não lembras do aviso vivo?
Sabes qual destino esperas?
Lembra do vizinho rico?
O que te provocou inveja?

Fatídico sussurro sem malícia
Sopras no ouvido minhas trilhas
Desenha em meu punho o sangue
A mancha do espelho das fábulas
Aperta em meus olhos infantes
A sabedoria de um velho sábio

Vomito minha chegada sem mágoas
Só o fim está escrito...

Ninguém se livra do peso das lágrimas
Do fim fatídico!

Tesão Animal

Faces pisoteadas pelo enfermo
Solto a procura de uma gruta
Onde dolente cheios de anseios
Vomitam asneiras sem cultura

Ao passeio molambento marginal
Fita-se a escultura de meu anelo
Pousa ardente de uma fome infernal
Onde sobram gestos frios de um feto

Passa carne podre
Tentação de volúpia
Passa carne podre
Maldição libertina
Passa carne podre
Sensação de lamúria
Passa carne podre
Em colisão de esgrima

Aos sussurros meu corpo derrete
Entupida de sarcasmo a invasão
Fascina-me como o dia que amanhece
Esbofeteando a utopia da solidão

Início encoberto de provocações
Sufocadas voraz de tesão animal
Condoído pelas próprias armações
Afogueado como miasmas do mal

Mata carne florida
Indagação de austero
Mata carne florida
Em desejo estuante
Mata carne florida
Sibilino sincero
Mata carne florida
Pelo fim, pelo instante...
Mata!

Ironia da felicidade

Diante de uma imagem manchada
Amedrontada pela máscara suja
Infame predador de sina difamada
Cospe gestos nus e vergonhosos

Olhos nada podem ver

Escondo-me na vasta multidão
Devoro-me nas verdades do mundo
Desfaleço-me em frígida emoção
Apodrecendo num real sono profundo

Olhos nada vêem

Enfraquecer na persistência
Esmorecido de desgosto
Entibecido pela existência
Amordaçado pelo esforço

Olhos da ironia da felicidade

Hoje choro e manipulo-me
Acordo vivo e desmorono-me
Escuto verdades e descubro-me
A resposta é cruel e rejeito-me

Olhos nunca avistam

O que vê não vês.
O que ouve, não ouves.
O que sente, não sentes.
O que toca, não é tocado.

Olhos mortos, visão limitada.

Uma mudança - viver
Uma mentira - sorrir
Uma verdade - morrer
Uma saída - mentir

Olhos pensam que vêem

No fracasso de estar feliz
O espelho imagina verdades
A busca me faz aprendiz
De algo sorteado por fatalidades

Olhos não guiam

Diante da dor de pensar em existência
Fecho meus olhos num ato de sanidade
Rendo-me ao libertino prazer da essência
Numa cela onde escondem as verdades.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Fome de você

Falhas peripécias por teu ventre
Descamando-me sobre faces
Vejo o mundo sorri a minha frente
É meu futuro, meu vasto impasse

Degusto gostos ruins e fétidos
Em crise faminta de brutos olhares
Vejo o peso dos olhares cépticos
Ainda amamentando tua fúria por disfarces

Tenho sede da vingança de meu castigo
O congelar de suas mãos manchadas
Vendo os olhos queimarem do inimigo
São apenas corpos entregues por fachada

Dias lamentando não poder te tocar
É chegada a hora da vingança
Meus suspiros afogar-se-ão sem ar
Caídos aos pés de uma esperança

A sua ausência cria um vazio
Não me imagino sem tua existência
Meus passos perdem-se com o cio
Que tua volúpia exala pela essência

Lágrimas escorrem pelo meu rosto
Não sei de ódio nem de amor
Entesando meu orgulho, meu desgosto
Sentido entre os dedos teu sabor

A fome fica cada vez mais forte
Meu cérebro não pensa como antes
Tentarei a favor de minha morte
Em troca de um único instante

Teu jeito algoz e indolente de esmero
Um arrependimento fura teu orgulho
Foi triturado por um ato perverso
Cuspido sobre o caos do entulho

A fuga amordaça o momento
A precaução paralisa o prazer
Sempre haverá sentimento
Uma chama, uma fome de você.

Um grito de derrota


No deserto pelos besouros que se erguem
Clara praga, vasta, entupida verme podre.
Sentinelas enganadas, apodrecendo férteis.
No deserto porco, rosnando de dor.

Que falha moralmente indecente castigada
Soltas nestas vias publicamente avisadas
Voando pelas nuvens de ferro enferrujadas
Como o doce utópico do mendigo esfomeado

Veja no seu peito, um mamilo empedrado.
Vendo o teu desprezo, pelo girino bastardo.
Que chora pelo passado solto, enforcado.
Enfim sem ela, sem um rosto, um peito, um abraço.

Anticristo herege, humano drogado.
Não difama minha imagem, meu estilo sufocado.
Sem poder ver, meu futuro, minha bela trajetória.
Que se esconde no lixo uma chamada escória

Vamos continuar, não deixastes o teu grito se calar.
Somos parte do vicio, do inicio espetacular.
Buscando glória, sentido um meio firme de continuar.
Sem deixar aquela escolha maltratada por mudar o rumo da história

Chega o fim, arrastado, empurrado, preso.
No espinho espetado, envenenado por desprezo.
Que se concretiza a praga de toda vitória morta
Explodindo no ouvido, um rangido, um grito de derrota.

Tentativas

Se eu tentasse por ventura entender?
Se eu tentasse por desejo descobrir?
Se eu tentasse por tentar?
Tantas tentativas seriam em vão.

No escuro, nu e despido pelo medo.
Escuto uma voz a me chamar
Dizendo-me coisas sobre o tempo
Aquele que despedacei...

Onde tentei fazer meu corpo andar
Descobri que o mundo acabava de cair
Que o chão não era mais o mesmo
E que não bastava apenas respirar

Hoje sei que não posso caminhar
Posso chutar tudo e cuspir em cima
Será essa toda conclusão?
Talvez seja, mas tenho ódio!

Onde estarão todos?
Será que presos numa banheira?
Será que soltos pelos pensamentos?
Ou será que estão fazendo sexo?

O mundo acaba de se transformar numa orgia
Os prazeres são postos à mesa
E os fabulosos pés estão descalços
Sujos e empoeirados!

Venho através dessas vis frases
Vomitar meus desejos de tentativas
Amordaçar minha loucura
Definhar meus dedos apodrecidos

Tentativas fracassadas em vão
Tentativas mortas no início
Isoladas do tempo e da verdade
Maltratadas pelo arco da justiça

Se eu tentasse por fraqueza outra vez?
Se eu tentasse por fé desta vez?
Seria um ignorante?
Será? Será ignorância?

Não sei de regra alguma
Só queria estar só
Só queria conquistar meu poder
Com ou sem você!

Não sei se estarei sempre aqui
Mas tenho certeza que nunca morrerei
Estarei sempre vivo
Numa sombra ou numa vala

Ontem tentei amar
Ontem já não existe mais
Ontem ficou no ontem
E hoje já sou como hoje

Amanhã serei grande
Tão grande quanto o grande
Tão sábio quanto o sábio
Tão forte quanto o forte

Talvez eu tenha uma boa noite de sono
Talvez todos venham me saudar
E esse talvez possa me ajudar
Ajudar-me a ser grande como o mar

Talvez eu possa descobrir
Descobrir que a vida é uma esfera
Uma esfera para um dia explodir
E mundo dar valor a terra

O prisioneiro só aprende errando
Encarcerado numa cela
A vida ensina no erro
Da utopia de que a vida é bela


Tentativas nuas sem destino
Sem ter pra onde ir
Nem saber onde dará
O mundo me espia sem me acariciar
Vê meu corpo se despir
Minha alma se esvair
Meus desejos flagelarem
E minhas mãos matarem
Assim se constrói uma grande família
Um grande castelo de loucuras
Onde o mundo presa pelo amor
Onde o viking luta pelo povo.
E o mendigo presa pelo prato de comida
E é claro pela pedra em seu pulmão

Não haverá perdão pelo erro
O perdão não apaga o passado
Você sempre saberá do erro
Carregará esse peso como um fardo

Calculista maldito e desprezível
Tu és o futuro da nação
Assassino frio e psicopata
Tu construirás nosso mundo justo

Assim termino minhas vis frases
Meus ignorantes anseios
E minhas falhas tentativas de ontem e hoje
Mas o amanhã será longo...
Não preciso de perdão,
Eu pago pelo erro e me ergo com o erro!