quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ironia da felicidade

Diante de uma imagem manchada
Amedrontada pela máscara suja
Infame predador de sina difamada
Cospe gestos nus e vergonhosos

Olhos nada podem ver

Escondo-me na vasta multidão
Devoro-me nas verdades do mundo
Desfaleço-me em frígida emoção
Apodrecendo num real sono profundo

Olhos nada vêem

Enfraquecer na persistência
Esmorecido de desgosto
Entibecido pela existência
Amordaçado pelo esforço

Olhos da ironia da felicidade

Hoje choro e manipulo-me
Acordo vivo e desmorono-me
Escuto verdades e descubro-me
A resposta é cruel e rejeito-me

Olhos nunca avistam

O que vê não vês.
O que ouve, não ouves.
O que sente, não sentes.
O que toca, não é tocado.

Olhos mortos, visão limitada.

Uma mudança - viver
Uma mentira - sorrir
Uma verdade - morrer
Uma saída - mentir

Olhos pensam que vêem

No fracasso de estar feliz
O espelho imagina verdades
A busca me faz aprendiz
De algo sorteado por fatalidades

Olhos não guiam

Diante da dor de pensar em existência
Fecho meus olhos num ato de sanidade
Rendo-me ao libertino prazer da essência
Numa cela onde escondem as verdades.

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