domingo, 13 de maio de 2012

Ressurreição limitada


Foto: Fabrício Pazelli.




















Destes olhos negros
Que expelem fraqueza
Destas ruas sujas
Que de fel te abraça

Será a maldição da melancolia
O prazer da escuridão
Manchará de sangue a agonia
A vertigem da boa sensação

Levantas lento sem chorar
Tua face se fecha ao amanhecer
A síncope dos sentimentos
A destruição imperceptível
A hora da vingança chegou...

Uma tortura sangrenta mental
Esmaga a paisagem que as mãos criaram
Sobre a pele rosada e fatal
Emancipa-se o desejo de revolta

Destes passos mal dados
Destes anseios intencionados
Afoga em minha alma uma sensação impura
Uma mágoa sufocada pelo corpo, pelo passado.

Sei da luta de quem não luta
Do prazer de que quem nada sente
Dos objetivos de quem nada oitiva
Das frases do escritor que não escreve

Sei do amor de quem não ama
Sei do ódio de quem não odeia
Da vingança de quem não se vinga
Da volta de quem não volta
Da ressurreição limitada...

Morrerei na verdade que não contei
No carinho que não dei
Nas guerras que venci
Nas locuções que me perdi e nada fiz

Serei sempre a solução e a perda
O ouvinte e o molestador de idéias
A facção das sobras de uma mesa
O suspiro a falsidade das misérias

Não sinto dor, amor, compaixão ódio.
Só sinto esvair o vazio, vazio.
Desprovido de Sentidos, de escória.

Nas pedras rachadas do mundo
Escrevo minhas verdades,
As entrelinhas meu refúgio
O primeiro passo pra eternidade.

Sei da morte de quem não morre
Sei da vida de quem não vive
Da saída sem chegada
Da ressurreição limitada.

06-11-09

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